
Um termo que pode ser associado a este álbum é colagem. Desde sua capa,
com a junção da imagem de diversas personalidades escolhidas por cada um dos
componentes da banda, até suas músicas, pois, foram recortes de gravações com
diversos efeitos que se uniram para compor cada uma de suas faixas. De acordo
com FENERICK e MARQUIONI (2008), “Por meio de colagens diversas, esse álbum
esfumaçou os limites entre a chamada cultura erudita e a cultura de massa,
entre o Oriente e o Ocidente, entre a música popular e a música de vanguarda,
criando assim arte pop – que não deve ser entendida como oposta ao culto e
sinônimo de massificação, mas sim como um mosaico, como um hibridismo cultural.”
Os músicos
do The Beatles estavam exaustos da maratona dos shows, queriam entrar em
estúdio e colocar em prática todas as ideias que surgiram das diversas
referências adquiridas em todos os anos de carreira e lugares por onde
passaram.
A
criatividade da banda foi ao extremo. A ideia surgiu de uma conversa em um
restaurante, onde foi dito sal e pimenta e alguém interpretou como Sargento
Pimenta. Paul McCartney já surge com a temática da música e do álbum. Os
componentes do Beatles deveriam ser parte de uma banda, com a farda usada pelos
músicos de uma banda marcial, e demais personalidades deveriam compor o quadro.
O álbum
começou a ser produzido em novembro de 1966 e concluiu-se em abril de 1967,
foram aproximadamente quatrocentas horas de gravação, várias madrugadas, pois
chegavam ao estúdio por volta das dezenove horas e muitas vezes saíam pela
manhã. Não havia limite, as gravações normalmente eram feitas em quatro canais,
mas neste álbum existem músicas que foram gravadas em até dez. A primeira fita com
seus quatro canais era gravada no primeiro canal de outra fita e eram utilizados
os próximos canais para acrescentar mais elementos à música. Além disso, os
sons captados eram modificados, em sua velocidade, outros eram rodados do fim
para o começo, foram utilizados sons que não são audíveis pelos seres humanos,
somente por cachorros, e, o baixo do Paul foi plugado diretamente à mesa,
antigamente era gravado através da captação do som das caixas por microfones.
A gravação
deste álbum modificou a ideia do que poderia ser produzido em um estúdio, na
verdade, transformou o que se esperava de um álbum. Antes, os artistas gravavam
para divulgar suas músicas e seus shows. Sgt. Peppers foi inovador, não foi
gravado para que suas músicas fossem reproduzidas em shows, o objetivo era a
própria gravação, o que poderia ser conseguido, através de todos os potenciais
dos recursos utilizados. A concretização deste álbum não modificou somente a
discografia dos Beatles, todo o universo musical, novos caminhos foram abertos
e testados, podendo ser utilizados e ampliados pelos próximos artistas inovadores
que seriam totalmente influenciados por ele.
Fontes:
CHACON, Paulo. O que é rock. Editora
Brasiliense. s.d.
FENERICK, José Adriano; MARQUIONI, Carlos Eduardo. Sgt. Pepper’s Hearts Club Band: Uma colagem de sons e imagens. Universidade
de São Paulo – USP, 2008.
<http://aln2.albumlinernotes.com/Sgt_Pepper__2009_.html>
Acesso em: 01/12/2011.
Imagem: <http://luciointhesky.wordpress.com/2011/09/01/discoteca-basica-28-sgt-pepper%E2%80%99s-lonely-hearts-club-band/>. Acesso em: 27/03/2012.
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